Uma ampla mobilização está em curso no município de Itacaré para atualizar o Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Conduru. De 7 a 11 de julho, representantes das comunidades do entorno, empreendedores locais, organizações da sociedade civil, pesquisadores e gestores públicos participam de uma oficina participativa para propor novas diretrizes que orientarão a gestão dessa área protegida. Além da atualização do Plano de Manejo, será elaborado o Plano de Uso Público Simplificado, que definirá regras para o acesso e a visitação no parque.
Durante as oficinas promovidas pela Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema) e pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), os participantes apontaram dois desafios prioritários: a regularização fundiária, que se refere à definição clara da posse e propriedade das terras dentro e no entorno da unidade, e a integração com a comunidade local. Para responder a essas demandas, a revisão do plano, prevista no Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA) do Porto Sul, busca tornar a gestão da unidade mais eficiente e estimular o envolvimento da população na sua preservação.
Para Poliana Gonçalves, coordenadora de Programas e Projetos da Sema, o contato direto com as comunidades tem sido importante para alinhar o planejamento às realidades locais. "As oficinas têm permitido validar demandas já identificadas e, ao mesmo tempo, ajustar estratégias com base nas prioridades apontadas pela população. A presença da equipe técnica da Sema e do Inema, com apoio técnico da consultoria Seleção Natural, garante esse diálogo e reforça o caráter participativo do processo", destacou.
O processo participativo iniciou-se em 2023, com visitas técnicas, produção de documentos e reuniões temáticas sobre a Unidade de Conservação. Desde então, vem sendo construído com a participação de gestores públicos, empreendedores, comunidades locais, equipes técnicas do Estado e representantes do Parque da Serra do Conduru, das APAs Costa de Itacaré/Serra Grande e Lagoa Encantada e Rio Almada, além do Parque da Ponta da Tulha. "Esse processo garante que os novos instrumentos de gestão reflitam as necessidades locais e as diretrizes de conservação", destaca Poliana.
Participação coletiva
Representando a Rede de Educação Ambiental da Bahia (Reaba), que integra o conselho gestor do Parque, Breno Pessoa destacou a força do processo coletivo na revisão do plano de manejo. Segundo ele, a oficina conseguiu reunir atores estratégicos, promovendo uma escuta qualificada e produtiva. “A metodologia bem conduzida, aliada à participação ativa de diversos setores, gerou debates ricos e contribuições valiosas. Foram cinco dias intensos de construção conjunta, que resultaram em um documento mais plural e alinhado às realidades locais”, avaliou.
A avaliação é compartilhada por Maria Eduarda, gestora da APA Lagoa Encantada e Rio Almada, que reforçou a importância do envolvimento direto das comunidades. Para ela, o processo participativo é essencial para que o plano de manejo represente de fato o território. “Esse diálogo permite compreender a realidade atual da unidade, traçar metas possíveis e fortalecer os vínculos com quem vive, trabalha e se beneficia do parque. É dessa construção coletiva que nasce uma gestão mais efetiva e conectada com as necessidades do local”, pontuou
A revisão dos planos de manejo das quatro unidades de conservação (Conduru, Costa de Itacaré/Serra Grande, Lagoa Encantada e Rio Almada, e Ponta da Tulha) é uma etapa fundamental para fortalecer a gestão ambiental no território. A ação atende às diretrizes do Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA), firmado em 2019 e executado desde 2020, como medida de mitigação ligada ao complexo portuário de Ilhéus (Porto Sul). O objetivo é conciliar preservação ambiental com desenvolvimento econômico de forma planejada e integrada.
Refúgio da Mata Atlântica
O Parque Estadual da Serra do Conduru é um dos importantes refúgios da Mata Atlântica no sul da Bahia. Com cerca de 9.275 hectares, a unidade de conservação abrange áreas dos municípios de Ilhéus, Uruçuca e Itacaré. O acesso principal ao parque é feito pela rodovia BA-001, que liga Ilhéus a Itacaré, facilitando a chegada de visitantes e pesquisadores. Além de conservar nascentes, o parque contribui para o equilíbrio climático e o bem-estar das populações do entorno. Localizado na Costa do Cacau, no Corredor Central da Mata Atlântica, também oferece trilhas, mirantes e cachoeiras.
Na Bahia, a gestão das Unidades de Conservação é compartilhada entre a Sema, responsável pelas diretrizes e articulações institucionais, e o Inema, que executa as ações técnicas, incluindo elaboração, implementação e revisão dos planos de manejo. Essa atuação integrada busca maior efetividade na aplicação das políticas ambientais, fortalecendo o uso sustentável dos recursos naturais e promovendo uma gestão territorial participativa.
Fonte
Ascom/Inema