Recôncavo Baiano Maragogipe
Maragogipe: Território quilombola é reconhecido pelo Incra
Localizada na região do Recôncavo, a área possui 377,5 hectares de terra
27/07/2024 14h11
Por: Redação Fonte: Gov BR
Foto: Incra/BA

O território quilombola Buri, no município de Maragogipe, na Bahia, teve sua portaria de reconhecimento publicada pelo Incra, na sexta-feira (26), no Diário Oficial da União (DOU). Localizada na região do Recôncavo, a área possui 377,5 hectares de terra.

Nesta etapa da regularização fundiária, o instituto reconhece e consolida as informações do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), publicado em 2017, que, à época, cadastrou 40 famílias remanescentes de quilombo.

Com essa portaria, o próximo passo será a preparação da documentação necessária para a publicação do decreto de interesse social, por parte da Presidência da República. Depois disso, o Incra na Bahia abrirá o processo de desapropriação do único imóvel rural que compõe o território. Em seguida, a autarquia titulará, coletivamente, os quilombolas do Buri.

As famílias da comunidade pescam, mariscam e cultivam roças de mandioca, abacaxi, melancia e hortas. Elas tanto consomem quanto comercializam a produção no Distrito de São Roque do Paraguaçu, onde o território está inserido.

Segundo a antropóloga do Incra, Elisa Cunha, que produziu o relatório antropológico à época, as famílias vivem numa situação precária e a regularização fundiária permitirá a elas terem acesso a políticas que garantam autonomia. “Com isso, poderão dar continuidade às atividades de pesca, mariscagem e agricultura com mais segurança”, destacou.

Formação

Segundo o relatório antropológico, após a abolição da escravatura, as comunidades negras rurais do Recôncavo baiano caracterizavam-se por uma intensa mobilidade entre as fazendas, onde continuavam a trabalhar.

O documento narra que as fazendas às margens do rio Paraguaçu foram marcadas pela extração da piaçava e do dendê, associada à ocupação com as roças. Mas os ex-escravizados ou os trabalhadores pós-abolição dispunham da maré, como fonte de alimento livre, para a pesca e mariscagem.