Em meio a dimensão ancestral que movimentou a festa de Iemanjá de Cachoeira, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, dos Povos e Comunidades Tradicionais - SEPROMI, apoiou a tradicional celebração da cidade acolhendo as pessoas negras e de santo. Frente ao compromisso de combater toda e qualquer violência oriunda do racismo e da intolerância religiosa, a presença da Unidade Móvel do Centro de Referência Nelson Mandela - CRNM, garantiu dignidade humana a estas populações, durante todo o dia 09 de fevereiro.
“A discriminação ainda é muito grande contra nossa raiz, nossa cor e nossos orixás. É de suma importância ter esse apoio para impedirmos que nosso sagrado seja negligenciado. Precisamos nos unir para que possamos existir e continuar com a nossa religião”, ressaltou Rosineia, Ialorixá de um dos importantes Ilês Axé presentes na festa.
Afinada à prefeitura da cidade e a Secretaria de Reparação e Igualdade Racial de Cachoeira, a SEPROMI reafirmou o compromisso de unidas facilitarem o acesso da população cachoeirana aos canais de denúncia dos crimes que ferem a honra, a dignidade humana e o direito de manifestarem suas expressões, culturas e religiões de matrizes africanas. Além de mobilizar todo o circuito da celebração a um trabalho educativo de combate ao racismo, as pessoas presentes tiveram acesso a orientação acerca dos direitos à liberdade religiosa, criminalização da intolerância religiosa e do racismo institucional e recreativo.
“Temos recebido casos de pessoas desrespeitadas por sua religião e estamos lutando para demarcar este espaço, por todo o contexto de violência que vivemos aqui e, infelizmente, em todo o Brasil. Esta é uma forma de nós, junto a SEPROMI, demonstrarmos que o povo de santo é unido, tem direitos e estará presente no dia a dia da nossa cidade” destacou Orlando Andrade, Secretário de Reparação e Promoção da Igualdade Racial de Cachoeira.
Reconhecida como celeiro da resistência negra, a Prefeitura de Cachoeira homenageou também representantes por sua colaboração e prestação de serviços públicos à população do município que é referência nas lutas libertárias e de emancipação. Entregue pela vice-prefeita e secretária de Cultura e Turismo, Cristina Soares, e pelo Secretário Orlando Andrade, a Secretária Ângela Guimarães recebeu a homenagem em nome de todo o esforço da Secretaria em prevenir e enfrentar toda e qualquer manifestação de violência racial, diante da missão de construir caminhos para que a sociedade alcance a superação do racismo.
“A realização dessa grande festa é um marco para a organização social dos povos de terreiro e quilombolas, para a luta pela libertação do povo baiano. Para mim, é uma honra ter esse laço reconhecido e promovermos juntos igualdade racial, ajudando o povo de santo a ter voz”, destacou Ângela Guimarães, Secretária da SEPROMI, agraciada pelo título de cidadã cachoeirana (2023).
Organizada pelos terreiros da cidade, seguido de um Xirê, neste momento especial em que é expressado o profundo respeito a todas essas pessoas que contribuem para a riqueza cultural do Estado da Bahia, o público da festa acompanhou ainda homenagens a pessoas de santo que deixaram um saudoso legado religioso, de fazeres ancestrais à Cachoeira. Receberam homenagens à família da saudosa Mãe Lyra de Iemanjá Ogunté (in memoriam) pelo centenário de sua iniciação, além das homenagens póstumas às família de Pai Idelson Sales (in memoriam), de Egbomi Perpétua (in memoriam) e de Dona Edinha do Samba (in memoriam).