Os Salões de Artes Visuais da Bahia, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Funceb/SecultBA), concluiu sua itinerância pelos seis macroterritórios do estado, no município de Cachoeira, recôncavo baiano, com abertura da exposição coletiva dia 10 de dezembro (terça-feira). Na Fundação Hansen Bahia, a partir das 16h, estarão expostas obras de artistas de Salvador e de Cachoeira, finalizando com a 70ª edição do projeto.
A mostra seguirá em cartaz até o dia 09 de janeiro de 2025, de terça a sexta-feira, das 09h às 17h e sábado, das 09h às 13h. A entrada é gratuita.
Estarão reunidas obras premiadas e selecionadas, dentre diversas modalidades artísticas como fotografia, pintura, instalação, objeto, performance e colagem. Em Cachoeira, serão expostas obras de artistas da cidade do recôncavo, de Salvador e dos municípios de Alagoinhas, Vera Cruz, São Félix, Simões Filho, Santo Amaro e Lauro de Freitas.
São os artistas: Adriano Machado (Alagoinhas); Anderson Santos (Salvador); Augusto Leal (Simões Filho); Chanckoo Karann (Salvador); David Sol (Santo Amaro); Devarnier Hembadoom Apoema (Simões Filho); Fernando Bernardes (Vera Cruz); Jamile Cazumbá (Cachoeira); Lucimélia Romão (São Félix); Mário Vasconcelos (Salvador); Milena Ferreira (Salvador); Pedro Silveira (Salvador); Nila Timbó e Juliana Timbó (Timbó Atelier), (Salvador); Uillian Novaes (Lauro de Freitas) e Vírus Carinhoso (Salvador).
No dia 11 de dezembro, às 10h, será realizado bate-papo com os artistas, aberto ao público.
Sobre os artistas e suas obras
Macroterritório 2 – Cachoeira
Adriano Machado
Natural de Feira de Santana-BA, vive entre Alagoinhas e sua cidade natal. Artista visual, é doutorando em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), pesquisador visitante na University of New York (NYU) e bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Participou de exposições como Bienal de Dakar 2022 (Senegal) junto ao Coletivo Intervalo; 31º Programa de Exposições CCSP (São Paulo, 2021); Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira (CCBB, 2024) e Valongo Festival Internacional da Imagem (Santos, 2019). Desenvolve projetos artísticos em fotografia, vídeo e objetos que buscam discutir questões sobre identidade e território.
A série de fotoperformance intitulada ‘Movimentos de contragolpe’ demonstra o movimento de corpo e gesto do pensamento oriundo da capoeira Angola, criando uma sequência atemporal de imagens que joga com a fuga das narrativas coloniais pelos territórios, “onde coloco meu corpo em deslocamento na figura de um viajante, e estabeleço relações com a paisagem e suas histórias ou signos. Atravesso os territórios do Senegal, Brasil e Estados Unidos, correndo, colocando meu corpo em um trânsito de infinito desvio das prisões das linguagens e das fronteiras inventadas pela terra, como se riscasse um texto pelo chão do mundo”, explica o artista.
Fernando Bernardes
Licenciado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER), fez especialização em Arte Educação na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Participou de exposições como: 3º Bienal Black no Rio de Janeiro (2024); 20º Programa de exposição do MARP-SP (2023); 17º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Guarulhos-SP (2021); 15º Salão de Ubatuba-SP (2018); Salão Bahia Marinha (2012); Salão Universitário de Brasília (2011); Salão de Arte e Cidade-BA (2008). Em exposição individual, realizou na Bahia, entre 2010 a 2021, “A flor da terra” e “Sombras que suam”, em São Felipe, “45 minutos riscos poéticos”, em Vera Cruz, e “Campestre”, em Salvador.
A série ‘Dos Conflitos Territoriais’ utiliza a terra e seus aglutinantes, como cera de abelha e resinas, “para criar narrativas visuais complexas”, segundo o artista. "Área de Risco" aborda a ausência e o desconforto. "Unindo Resistência" utiliza a terra para transmitir uma mensagem de união e resistência. “A terra sangrenta” destaca a violência e a mortalidade associadas a conflitos territoriais e sociais, com base em imagens de manifestações e ocupações. "Tramando Revolução" une ferramentas e corpos humanos para simbolizar a organização e a luta por justiça social. "Luto" reflete sobre a banalização da vida e a morte durante a pandemia de COVID-19, retratando a terra tanto como fonte de vida quanto como extensão da morte.
Lucimélia Romão
Artista visual, dramaturga e performer, é mestranda em Artes da Cena e Mediação Cultural pela Escola Superior de Artes Célia Helena (EAD) e graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - BA. Pós Graduada em Artes pela Universidade Federal de Pelotas - RS e graduada em Teatro pela Universidade Federal de São João Del Rei - MG onde pesquisou teatro e performance negra. Atriz, formada em 2013 no curso técnico em Teatro pela Escola Municipal de Artes Maestro Fêgo Camargo em Taubaté/ SP.
A instalação ‘Crime de honra’ utiliza-se do bordado e do crochê, no qual a bandeira é formada a partir da frase “crime de honra”, que são atos de vingança com origem na Roma antiga e consiste no assassinato de uma (ou várias) mulheres de uma família. “Criado para punir pessoas do gênero feminino, o crime de honra tem como razões principais a rejeição de um casamento forçado, uma relação não pactuada pela família ou comunidade, ser vítima de estupro, ter relações homossexuais, relações sexuais fora do casamento, vestir-se de modo considerado inapropriado, procurar um divórcio, cometer adultério ou renunciar a uma fé”, pontua a artista.
Augusto Leal
Nascido em Simões Filho, na Bahia, é mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Entende a arte como prática libertadora pois, por meio dela, consegue elaborar as questões que lhe atravessam e fabular novos mundos.
A obra ‘Mapa de Simões Filho’ se apropria da forma e da imagem de mapas usados em aplicativos para convidar as pessoas a imaginarem como Simões Filho poderia ser caso tivesse em seu território equipamentos públicos de arte, cultura e educação. O município não tem centros culturais, teatros ou universidades públicas. “É um convite à uma imaginação política coletiva. O mapa é usado como elemento estético para ativar desejos, debates e reflexões sobre as ausências e potencialidades de Simões Filho, mas também para discutirmos sobre políticas de gestão cultural descentralizadas. A ausência de políticas e equipamentos de arte, cultura e educação restringe o acesso da população local a experiências de fruição, formação e produção artística, cultural e acadêmica”, avalia o artista.
Jamile Cazumbá
Nascida e criada no bairro da Palestina, em Salvador-BA, é uma artista do corpo e da palavra, transitando pelas artes visuais, cênicas, cinema e literatura. Estudante de Museologia, coordena o programa Práticas Desobedientes, voltado para a formação de jovens artistas na Bahia. É integrante do Coletivo Angela Davis e ex-coordenadora do Cineclube Mário Gusmão. Desde 2019, dedica-se a uma pesquisa que nomeia de ritual-recital-performático, uma abordagem multilinguagem que investiga as memórias inscritas nos corpos de pessoas negras e suas interseções com as expressões visuais. Em 2022, estreou o ‘ritual-recital-performático III ou um lugar que eu digo saber inventar’ na Mostra Verbo da Galeria Vermelho. Em 2023, essa obra foi apresentada no Centro de Investigação Artística (HANGAR), em Lisboa.
A performance ‘um ritual-recital-performático III: um lugar que eu digo saber inventar’ é o terceiro ato da pesquisa intitulada ‘ritual-recital-performático’, que vem sendo desenvolvida desde 2019. Esse processo de pesquisa e prática interdisciplinar “tem como intuito investigar minhas memórias celulares e de outros corpos negros, para desenvolver estratégias para criar um mundo onde possamos existir para além das categorias de subalternidade e violência e se manifesta de diferentes maneiras: práticas corporais, na escrita, no desenho e em vídeos. O intuito é descoreografar o gesto, a captura e a linearidade, na tentativa de criação de um mundo de terras férteis para o prazer, o desejo, o sonho, a imaginação e a vida”, relata a artista.
David Sol
Nascido no Recôncavo da Bahia, é bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), especialista em História e Antropologia e mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (UFRB). Suas pesquisas atravessam fotografia, pintura e escrita, dedicando-se às experimentações de linguagens numa encruzilhada afro-indígena-brasileira. Suas criações buscam traçar rotas através do corpo e do imaginário brasileiro e suas materialidades, utilizando a abstração e a performance visual para explorar novas formas de ocupação e recriação de memórias.
A colagem ‘Beira de Guerra’ é uma obra visual interdisciplinar que, através do diálogo entre uma fotografia digital da árvore sagrada Iroko (gameleira branca), adornada com grafias afro-indígenas-brasileiras inspiradas nas memórias das giras em terreiros de Umbanda em Santo Amaro (BA), “busca provocar reflexões sobre território e memória coletiva, convidando o espectador a contemplar os saberes e fazeres que permeiam o diálogo entre a materialidade (corpo) e a imaterialidade (encantados) e seu reflexo nas culturas e artes populares”, afirma o artista. Por meio da fusão entre elementos da imaterialidade e culturas, a obra explora a interseção entre o sagrado e o cotidiano, evocando uma profunda conexão com as tradições ancestrais e a espiritualidade afro indígena-brasileira.
Uillian Novaes
Natural da cidade de Maracás, no sudoeste baiano, é bacharel em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA/UFBA). Divide seu tempo entre produções de pinturas, gravuras, ilustrações e esculturas. Ao transitar por linguagens artísticas distintas, da escultura até a tatuagem, tem o desenho como fio condutor de suas expressões que possibilita registrar em cada linguagem suas características próprias. Os traços nordestinos são fortes em suas criações, mas há uma busca pela renovação da maneira como essa cultura (em toda sua variedade) é retratada. Deixa-se de lado estereótipos mais habituais ao passo que se aproximam de suas obras tons modernos que se misturam ao imaginário de quem acessa sua arte.
A pintura ‘Forró até de manhã’ faz parte de uma série de pinturas em tela, “onde busco representar figuras da cultura nordestina, mesclando elementos do nosso cotidiano e da cultura pop. A estilização dos elementos deriva da minha pesquisa em desenho, mas que resultam em trabalhos em diversas linguagens”, diz o artista. Trata-se dos "Estirados", figuras esguias e com membros alongados, procurando explorar as potencialidades desses personagens. A obra apresenta um trio de forró tradicional, figuras misteriosas com faces escondidas pelas sombras dos seus chapéus, tocando intensamente numa posição simétrica. Como plano de fundo, um cenário inspirado na ilustração “Albert Hofmann - Bicycle Day Journal”.
Devarnier Hembadoom Apoema
É artista visual, cursou Desenho Arquitetônico, graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1997, mestre em Artes Visuais (UFBA) em 2010 e doutorando em Artes Visuais. Desenvolve uma pesquisa plástico-imagética com a figura humana, sobretudo com o corpo modificado por fatores internos e externos, utilizando diversos meios técnicos e linguagens, pinturas, desenhos, fotografias, cartazes, artes postais, artes digitais, musicais, vídeos e outras experimentações. Realizou mais de 110 exposições de arte, até o ano corrente, em alguns países como: Suíça, Brasil, Itália, Espanha, Alemanha, Liechtenstein e Bulgária. Possui alguns prêmios e menções em salões de arte visuais.
A pintura ‘Yemanjá, ansiosa, ingeri um ansiolítico em razão dos infindáveis detritos humanos lançados ao mar...’, tem referência no conceito de Afrofuturismo de Octavia Butler, nos Paraísos Artificiais de Charles Baudelaire, e utiliza-se de licença artística e bom humor, conferindo humanização a esta fabulosa divindade, Yemanjá, em prol de suscitar a discussão sócio-política-econômica, bem como filosófica, refletindo acerca do futuro que desejamos para o nosso habitat, nosso planeta. “Insufla plasticamente o pensar em tomar medidas de produções sustentáveis de controle da emissão de gases e poluentes na camada de ozônio, igualmente aos problemas gerados por lixos domésticos e industriais e suas decorrências à saúde humana, aos rios, mares e florestas, moderando o aquecimento global, ou seja, preservando o nosso meio ambiente”, explica o artista.
Macroterritório 2 - Salvador
Mário Vasconcelos
Natural de Salvador-BA, morador do bairro de Plataforma, é bacharel em Artes Plásticas, mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA/UFBA) e professor substituto na mesma instituição no Departamento de Expressão Gráfica e Tridimensional. Tem em sua trajetória participação em exposições individuais, coletivas e obras em acervos institucionais e particulares no âmbito nacional e internacional. Desenvolve pesquisas relacionadas aos signos da diáspora africana, com o objetivo de produzir e analisar imagens e objetos a partir de procedimentos e linguagens da escultura, gravura, fotografia, vídeo, performance, objeto e instalação, tendo os procedimentos da cerâmica como um dos principais veículos em sua produção artística.
A instalação ‘Garfografias: uma escrita do hoje para o amanhã pensando no ontem’ tem como ponto de partida a elaboração de uma escritura visual e plástica por meio de garfos transformados em matrizes a partir dos seus “dentes”. Signos elaborados e forjados tendo os símbolos Adinkras dos povos Ashanti e Gana, Burkina Faso e Togo, na África Ocidental, mas também presentes em outros lugares através dos elementos forjados nos gradis e guarda corpo de residências e empreendimentos arquitetônicos no Brasil, “como mote para refletir a importância simbólica ancestral presente na história”, reflete o artista.
Milena Ferreira
Artista Plástica, mestranda pelo Programa de pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), trabalha e reside em Salvador–BA, investigando a Gravura e seu diálogo com outras linguagens, tendo a estética da ruína como lugar de memória e pertencimento. Participou de exposições coletivas, individuais e residências artísticas, entre elas: 6º Bienal do Sertão no CCBNB Cariri (2023); Encruzilhadas da Arte Afro - Brasileira no CCBBSP e CCBBBH (2023-24); 33º Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo - CCSP (2024), 21º Programa de Exposições do MARP (2024), entre outros.
O objeto ‘Habitar é obra’ é um trabalho composto por pinturas de pequenas composições diárias da organização cotidiana (ou falta dela) que reforçam a ideia de HABITAR esse local/espaço que chamamos de CASA. “É o resultado da relação plástica que existe entre o sujeito e o local que ele habita, objetos afetivos, a bagunça momentânea (ou não), as manias, etc. As sobreposições de itens do nosso dia a dia configuram o que chamo de pequenas obras do cotidiano”, avalia a artista.
Anderson Santos
Natural de Salvador-BA, é pintor figurativo e transita entre as técnicas do óleo sobre tela e a pintura digital. É representado pela Galeria Paulo Darzé. Fez parte do coletivo responsável pela redação da revista Boardilla, diretor artístico da Ripensarte e responsável pela curadoria e redação da revista on‑line Magazzino. Concluiu um mestrado no Programa de Pós‑Graduação em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA/UFBA) em 2020, na linha de Processos Criativos nas Artes Visuais. Atualmente, está fazendo um doutorado no mesmo programa.
‘Presenza 39 (L’età della terra)’ é uma pintura a óleo que integra a série "A Vida Nua", iniciada em 2020. “Nesta série, utilizo imagens geradas por ferramentas de inteligência artificial como ponto de partida para minhas criações. Recrio essas imagens por meio da pintura, inserindo-as em novas composições que refletem sobre o momento crítico de transformação na vida humana e no meio ambiente”, explica o artista. A obra busca explorar uma nova corporeidade ou um possível rito para estas imagens sintéticas, abordando a urgência das mudanças que afetam tanto os seres humanos quanto o planeta.
Timbó Atelier
Também conhecida como Timbó Marcenaria, é uma artesã e artista autodidata cearense da madeira de demolição. Trabalha com estética do sertão e do nordeste brasileiro fazendo da demolição, peças que dialogam com o tempo desse material de memória viva, essencial para contar histórias e analisar a memória do território em que vivemos. Nila Clara é cantora de ópera, artista-pesquisadora e diretora musical, com foco nas narrativas afro-amazônicas e na poética do corpo-confluente e sua versatilidade social. A partir de epistemologias e abordagens afro-referenciadas e interdisciplinares, ela busca criar novos dispositivos artísticos e performáticos que promovam um reposicionamento social na ópera.
‘Calendário de espera’ é resultado de uma performance contínua de 60 dias de contagem regressiva que utiliza a escrita poética na madeira como ‘marca tempo’. Este projeto resultou num jogo, um relógio temporizador de outubro a dezembro de 2023 para o primeiro encontro entre Nila e Juliana. Ao longo desses 60 dias de espera, uma peça de madeira de duas faces era confeccionada por dia, marcando a memória daquele dia. Cada lado da peça tem um sentimento gravado, um lado de Juliana e outro de Nila, que juntas formam um jogo, uma poesia, um oráculo poético atemporal e interpessoal capaz de conectar qualquer pessoa com seus sentimentos e a escrita. Assim, unindo arte, poesia e madeira, o trabalho é um jogo de dominó poético com o recurso e possibilidade de prática criativa livre na madeira, reforçando o senso de intimidade com a escrita nessa matéria-prima.
Vírus Carinhoso
Artista multilinguagens soteropolitano, em seu trabalho criativo, pesquisa as artes contemporâneas traduzindo-as em performances expressivas que permeiam a música, a poesia, o canto, a dança e o visual. Em SANKOFA, performa ao som de faixas do EP "Capella", do álbum "VxRxS" e do single duplo homônimo “Sankofa”. Com interpretações intensas e movimentos singulares, a performance mostra sua potência e ganha destaque. Em sua construção, Vírus incorpora elementos da cosmologia Yorubá, a exemplo do “Adê”, referência às coroas e divindades africanas, e faz alusão à Exu, anunciando uma performance que transita pela cultura ancestral, contemporânea e de vanguarda.
A performance ‘SANKOFA’ é uma jornada de retorno às origens, um mergulho profundo nas raízes ancestrais e uma celebração da resistência cultural e espiritual. O termo "Sankofa" é originário da língua Akan, do povo Akan de Gana, e significa "voltar e pegar", simbolizando a importância de olhar para o passado para construir um futuro melhor. Explorando a conexão com a ancestralidade através da música, dança, cenografia e simbolismo da cosmologia Yorubá, a performance “é uma homenagem aos antepassados, destacando a sabedoria ancestral e a resiliência cultural do povo africano e da diáspora. As referências a Exu (divindade da comunicação e das encruzilhadas) são centrais, simbolizando liderança, proteção, transformação e a dualidade da vida”, destaca o artista.
Chanckoo Karann
Nascido em Maceió-AL, vive desde 2006 em Salvador-BA. É artista visual e pesquisador, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFBA), em 2021, mestre em Artes Visuais pelo PPGAV/UFBA, em 2020, e traz em um seus trabalhos reflexões sobre os caminhos do movimento na composição abstrata, sobretudo nos campos da gravura expandida e pintura, em um discurso relacionado à existências gestuais e seus desdobramentos na construção do fazer artístico. Participou do CAB (2024); das exposições “bLast” (2024); NOVAMATRIZ (2022); da Ocupação do Beco (2021); das exposições “ABSTRATO/ABSTRAÇÕES” (2021); “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” (2018); “3a Mostra Gráfica” (2017), entre outras.
O objeto ‘O que cresce se arrasta’ está inserido em um longo interesse pela presença dos objetos. A massa de vidro que se apresenta na obra é uma possibilidade abstrata de movimento, por meio de um padrão de marcha não usual, procurando maneiras de escorrer pelos espaços em passos um tanto erráticos. Um corpo, que por vezes assusta, parecendo um organismo ainda desconhecido, ou ainda, que se conhece na medida em que avança pelo espaço. “Como tudo que cresce, vai se assemelhando a inúmeras coisas, sendo ao mesmo tempo líquido, viscoso e pedra, existindo dentro dessa diferença, como todos os corpos que um dia se arrastaram procurando uma maneira de se levantar. Tal corpo, a despeito das fragilidades do vidro e dos papéis metálicos que se juntam em sua formação, se mostra como algo forte e denso”, reflete o artista.
Pedro Silveira
Fotógrafo, é graduado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), pós-graduado em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi premiado no "XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia", e destaca-se pela participação no "Photography and Human Rights Program", bem como pelo prêmio "Photography in Collaboration: Migration and Religion" - ambos concedidos pela Magnum Foundation. No Brasil, seus trabalhos participaram de exposições coletivas em Minas Gerais, Bahia, Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul, além de terem sido destacados em publicações, festivais e exposições de fotografia nos EUA, Espanha, Itália, França, Suíça, Índia e Senegal.
‘Efemérides da Gênese’ é um projeto de “criação e documentação fotográfica de longo prazo, realizado a partir da história oral do quilombo Barra do Brumado, localizado na região do Alto Sertão da Bahia”, explica o artista. Segundo a tradição oral desta comunidade, famílias africanas chegaram ali depois do naufrágio de um navio negreiro próximo da foz do Rio de Contas, na região costeira do sul da Bahia, e os sobreviventes subiram pelo leito deste rio até aquela localidade, onde fundaram o quilombo, longe das fazendas escravocratas. Porém, no início do século XVIII, exploradores portugueses descobriram ouro nas proximidades da comunidade e (re)escravizaram seus remanescentes para servirem de mão de obra nas minas do vil metal.
Sobre os Salões de Artes Visuais da Bahia
Criados em 1992, os Salões de Artes Visuais da Bahia consolidaram-se como um dos principais instrumentos de incentivo à criação e difusão de produção artística e à dinamização dos espaços expositivos do estado da Bahia.
Assim, os Salões de Artes Visuais da Bahia visam apresentar ao público uma mostra contemporânea em Artes Visuais, retomando suas exposições distribuídas nos seis macroterritórios da Bahia, oportunizando o acesso a essa produção para um público diversificado, oriundo de diversas cidades do estado. Além de divulgar o trabalho dos artistas, pretende-se estimular a reflexão sobre temas das artes contemporâneas por encontros formativos e bate-papo com os artistas.
Serviço:
Salões de Artes Visuais da Bahia - 70ª Edição
Cachoeira
Abertura: 10 de dezembro, 16h
Visitação: 10 de dezembro de 2024 a 09 de janeiro de 2025
Terça à sexta, 9h às 17h e sábado 09h às 13h
Bate-papo com artistas: 11 de dezembro, 10h
Local: Fundação Hansen Bahia
Endereço: Rua Treze de Maio, 13
Mín. 22° Máx. 34°