Na noite que envolve a cidade, a magia do 7º Festival Cachoeira Agosto do Blues permeia o ar, tecendo um tapete sonoro que pousa suavemente sobre a Praça da Aclamação. Este festival, já em sua sétima edição, celebra não apenas a música, mas a conexão profunda entre a arte e a história vibrante de um lugar marcado por ritmos e relatos.
Na área externa da Câmara Municipal, no primeiro dia do Festival, as melodias de Júlio Caldas ecoam, fundindo tradição e inovação. Seu domínio dos instrumentos transborda em cada nota, construindo pontes entre o passado e o presente com a precisão de um mestre artesão da música. No seu entorno, imagens homenageiam os grandes nomes do blues, gênero musical produzido por afro-americanos no extremo sul dos Estados Unidos, em torno do fim do século XIX. O gênero se desenvolveu a partir de raízes das tradições musicais africanas, canções de trabalho afro-americanas, spirituals e música tradicional.
Outra atração da noite, Lia Chaves, uma voz emblemática deste festival, entoa seus blues com a autenticidade de quem tem a música na alma. Sua performance, marcada por um timbre inconfundível, celebra 40 anos de uma carreira diversificada, que passeia por múltiplos estilos e gêneros. A blueswoman brazuca carrega em sua voz uma jornada musical repleta de paixão e poesia.
Na praça, a Feira Preta Degusta compartilha com o público a riqueza do artesanato e da gastronomia local, cada barraca uma página de cultura e história, enriquecendo ainda mais a experiência do festival. Uma experiência que combina sabor e arte, onde cada peça carrega histórias de ancestrais, oferecendo um banquete tanto para os olhos quanto para a alma. Aqui, o blues não é apenas ouvido, mas sentido, provado e visto, mostrando que a cultura de Cachoeira é um rio que corre vasto e profundo.
Neste cenário, o festival não apenas ressoa como uma celebração de notas e paladares, mas como um encontro anual onde o espírito de Cachoeira se revela plenamente. Acompanhando o ritmo do blues, a cidade, berço da cultura negra, acolhe amantes da música que encontram no festival um espaço de liberdade, expressão e reverência à rica tapeçaria cultural que Cachoeira tece ao longo dos anos.
Da Redação SCR-Recôncavo
Fotos: Naiane Santos
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