Dona Dalva, mais que uma artista, é uma guardiã das memórias e ritmos ancestrais. Ex-charuteira da Fábrica de Charutos Suerdick, foi ali que, em meio à labuta diária, fez nascer o samba de roda que, hoje, transborda da sua alma para o mundo. Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano, ela carrega em si o reconhecimento da resistência, da sabedoria e da força do povo preto, sobretudo da mulher preta.
Na Praça da Aclamação, onde sua presença reverbera como força vital, a Casa do Samba de Roda de D. Dalva acolhe os passos e vozes dos que se reúnem para celebrar um dos carurus mais tradicionais de Cachoeira. Centenas de pessoas se unem em louvor à sua vida, partilhando não apenas a comida sagrada, mas a história de luta e celebração que Dona Dalva carrega com maestria.
Membro da Irmandade da Boa Morte, desde seus 17 anos Dona Dalva oferta o caruru como ato de devoção e comunhão, reafirmando o laço entre fé, cultura e resistência. A comunidade, que com ela caminha, já vislumbra com alegria o centenário da sambadeira, esperando que, no compasso de cada ano, ela siga iluminando os caminhos com sua sabedoria.
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